Paracelsus
Addictionist
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À medida que a onda de legalização da canábis continua a varrer os Estados Unidos, um estudo recente da Universidade da Califórnia, em San Diego, levantou questões críticas sobre a eficácia dos testes de sobriedade de campo (FSTs) na identificação de condutores afectados pela canábis.
O estudo, conduzido pelo Dr. Thomas D. Marcotte e pela sua equipa no Center for Medicinal Cannabis Research, é a primeira investigação em grande escala a avaliar até que ponto os FSTs conseguem distinguir entre indivíduos que consumiram cannabis e aqueles que não consumiram, e se estes testes estão correlacionados com a incapacidade real de condução.
O contexto
Com cada vez mais estados a legalizarem a canábis para uso medicinal e recreativo, as autoridades policiais estão a confiar cada vez mais nos testes FST para avaliar a sobriedade dos condutores. Estes testes, originalmente desenvolvidos e validados para a deteção de perturbações relacionadas com o álcool, incluem tarefas como os testes Andar e Virar, Uma Perna Só e Dedo no Nariz, que avaliam o equilíbrio, a coordenação e a atenção dividida. No entanto, a sua exatidão na deteção de perturbações causadas pela cannabis, em especial o Δ9-tetrahidrocanabinol (THC) - o principal composto psicoativo da cannabis - tem sido um tema de debate.Conceção do estudo e conclusões
Realizado entre fevereiro de 2017 e junho de 2019, o ensaio clínico randomizado, duplo-cego e controlado por placebo envolveu 184 participantes com idades entre 21 e 55 anos que haviam usado cannabis no último mês. Os participantes foram aleatoriamente designados para fumar um cigarro de cannabis placebo, THC de baixa dose (5,9%) ou THC de alta dose (13,4%) e, em seguida, foram submetidos a FSTs em vários pontos de tempo.Os resultados foram surpreendentes. Os agentes da autoridade classificaram 81% dos participantes que tinham fumado THC como estando incapacitados com base no FST, em comparação com 49,2% dos que receberam o placebo. Embora isto indique que os FST são algo eficazes na identificação do consumo de canábis, a elevada taxa de falsos positivos no grupo do placebo suscita preocupações. Nomeadamente, 99,2% dos participantes classificados como deficientes pelos FSTs eram suspeitos de terem consumido THC, independentemente da sua exposição efectiva.
Implicações para a segurança rodoviária
O estudo também associou o mau desempenho em determinados FSTs a piores resultados em simuladores de condução, reforçando a ideia de que o THC pode afetar a capacidade de condução. No entanto, a sobreposição do desempenho no FST entre os grupos THC e placebo sugere que os FSTs, por si só, podem não ser indicadores fiáveis do desempenho específico do THC.O futuro da deteção de perturbações provocadas pela canábis
As descobertas sublinham a necessidade de desenvolver ferramentas mais precisas e objectivas para avaliar a incapacidade de consumir canábis. À medida que a legalização da canábis se expande, aumenta também a urgência de métodos eficazes que possam distinguir entre o consumo recente de canábis e a incapacidade real.Conclusão
Embora os testes de esforço continuem a ser a pedra angular das avaliações de sobriedade na estrada, este estudo sugere que podem não ser suficientes para identificar com exatidão a incapacidade relacionada com a cannabis. À medida que o panorama jurídico em torno da canábis continua a evoluir, o mesmo acontece com as ferramentas e técnicas utilizadas para aplicar as leis de condução.Para mais informações, pode aceder ao estudo completo aqui (clearnet).
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