Neurónios RVM: Revelados os guardiões do cérebro na resposta à dor e à morfina

Paracelsus

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Num estudo publicado na Science, os investigadores identificaram um grupo específico de neurónios no tronco cerebral que desempenham um papel crucial na forma como o nosso corpo reage à morfina. Estes neurónios, localizados numa região conhecida como medula ventromedial rostral (RVM), estão diretamente envolvidos na regulação da antinocicepção mecânica - a capacidade do nosso corpo para suprimir a dor em resposta a estímulos mecânicos, como a pressão ou objectos afiados.

Os guardiões da dor no cérebro

O estudo, liderado por Michael P. Fatt e colegas, destaca a importância dos neurónios RVM, que demonstraram mediar os efeitos da morfina na dor. Ao manipular estes neurónios em ratinhos, os investigadores puderam observar alterações na sensibilidade à dor, especificamente em resposta a estímulos mecânicos. As suas descobertas fornecem novos conhecimentos sobre os complexos circuitos neuronais envolvidos no processamento da dor e na analgesia opióide.

Utilizando técnicas avançadas como a quimiogenética, que permite um controlo preciso da atividade dos neurónios, os investigadores puderam ativar ou inibir estes neurónios sensíveis à morfina. Descobriram que a ativação destes neurónios podia aumentar os efeitos analgésicos da morfina, enquanto a sua inibição conduzia a um aumento da sensibilidade à dor. Isto sugere que estes neurónios são cruciais para determinar a eficácia da morfina no alívio da dor.

Uma nova perspetiva no tratamento da dor

Esta descoberta é particularmente importante tendo em conta a atual crise dos opiáceos, em que a compreensão dos mecanismos precisos da ação dos opiáceos pode levar a estratégias de gestão da dor melhores e mais direcionadas. O estudo abre novas possibilidades para o desenvolvimento de terapias que possam aumentar a eficácia dos opióides como a morfina, reduzindo potencialmente a dose necessária e atenuando o risco de dependência e os efeitos secundários.

Além disso, esta investigação poderá abrir caminho ao desenvolvimento de tratamentos não opiáceos para a dor que visem estes neurónios específicos, oferecendo alívio da dor sem os riscos associados ao uso de opiáceos. Os resultados também levantam questões intrigantes sobre a forma como outros tipos de dor - como a dor térmica ou inflamatória - podem ser modulados por circuitos neuronais semelhantes.

Olhando para o futuro

À medida que continuamos a enfrentar os desafios da gestão da dor e as limitações das actuais terapias baseadas em opiáceos, este estudo representa um avanço significativo na nossa compreensão dos mecanismos de controlo da dor no cérebro. As potenciais aplicações desta investigação são vastas, oferecendo a esperança de tratamentos mais eficazes e mais seguros para a dor no futuro.

Para os interessados nas conclusões e na metodologia pormenorizadas, o estudo completo está disponível na revista Science com o título "Morphine-responsive neurons that regulate mechanical antinociception" de Michael P. Fatt et al. O artigo pode ser acedido aqui.

Se estiver interessado neste tipo de publicações, por favor reaja e deixe comentários. Isto será um sinal para eu continuar.
 
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